Marcado: Candangão

2014 reloaded?

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Hoje tentarei fugir do formato tradicional de resumos que vem sendo utilizado desde o ano passado para fazer uma análise do Campeonato Candango que chega na metade da primeira fase.

O maior destaque não é nem o clássico verde-amarelo disputado no último sábado, falaremos dele depois. O destaque do campeonato é o Luziânia, que vem emendando um sequência de vitórias que o colocou na liderança isolada e disparada da competição. Com 100% de aproveitamento – são seis vitórias em seis jogos – a torcida se anima e cria a expectativa de uma campanha dourada como em 2014, onde o Azulino apresentava um futebol tão avassalador que não tinha como questionar que o mesmo não pudesse levar o título (e acabou levando).

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Porém sempre tem um porém. O Luziânia ainda não enfrentou seus concorrentes diretos na ponta da tabela – quais sejam Gama, Brasiliense e Ceilândia, os demais times que até o momento demonstram como os principais candidatos ao título do Candangão 2016 junto com o time goiano. Será a prova de fogo pela qual o time precisa passar para que a qualidade do plantel não tenha por onde ser questionada, sendo que a primeira pedreira dessa sequência é justamente o vice-líder Gama, ou seja, uma final antecipada.

Pro Gama será uma oportunidade de retomada da confiança, abalada por conta da derrota no clássico diante do Brasiliense. O time até se impôs bem no primeiro tempo, mas a expulsão do zagueiro Pedrão desarticulou o time, que havia entrado com um esquema tático defensivo e que de início não sofreu tanto com a desvantagem numérica em campo, mas o técnico do Jacaré Luiz Carlos soube colocar as peças certas para dominar as ações e explorar uma falha na defesa alviverde para chegar ao gol da vitória marcado, vejam só, por uma peça saída do banco (o atacante Gilvan).

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Outros aspectos que precisam ser relatados sobre o clássico: o mesmo ocorreu se maiores estresses dentro de campo, a despeito dos quatro cartões vermelhos distribuídos pelo árbitro Almir Camargo. O mesmo pode ser dito do comportamento das torcidas nas arquibancadas: foi propagado um clima de tensão nos preparativos para o jogo que criava um clima de temeridade com um possível confronto de torcidas que seria facilitado pelo pouco espaço do Abadião, mas os confrontos se limitaram aos gritos de guerra e o que de mais grave que houve foi tão somente os gestos obscenos praticados por Luiz Estêvão direcionados à torcida do Gama.

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Aliás, cabe aqui uma observação: o Abadião é um estádio que está aquém do tamanho da torcida do Brasiliense, principalmente considerando momentos como o clássico verde-amarelo, cuja rivalidade atrai muito mais espectadores do que os que costumam frequentar jogos habitualmente.

E falando em tamanho de estádio fico feliz em ver o Mané Garrincha sendo aberto para o futebol do Distrito Federal, sem receio da quantidade de público que venha para os jogos pois os clubes, principalmente o Brasília que pretende mandar seus jogos com regularidade no local, precisam entender que será com o tempo que o fã de futebol criará o hábito de frequentar a maior praça esportiva da capital.

Em campo o Ceilândia correu atrás do prejuízo ao sair atrás no placar diante do Brasília e conseguiu chegar à virada e à vitória no placar, fazendo com que o Colorado fosse retirado da zona de classificação pela combinação dos demais resultados. O esquema tático de Adelson de Almeida é um tanto manjado, mas chama a atenção o como o conjunto das peças consegue se comunicar em campo: o técnico fez as substituições certas para reverter o sufoco que passou na primeira etapa e igualar as ações no restante do jogo.

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Já pelo lado do Colorado-que-quer-ser-Celeste acende-se o sinal amarelo. Não acredito que não se classifique (certamente não cai, e isso explico logo a seguir) mas vai ter que mudar da água pro vinho se não quiser ter sua participação no Candangão encerrada precocemente. Manter um grupo regular e não hesitar em trocar peças que não vem rendendo parece ser o caminho.

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Lá no meio da tabela chama a atenção a quantidade de empates que fazem com que os ponteiros se distanciem e deixe a briga no meio da tabela embolada (hoje há quatro clubes com seis pontos, todos com três empates) Além do Sobradinho que já soma quatro empates no campeonato. Afora isso parece praticamente consumada a briga pelo rebaixamento e, a menos que se opere um milagre, Cruzeiro e Planaltina-GO devem ser mesmo os clubes que irão para a segunda divisão em 2017.

As próximas rodadas serão a hora da verdade, e o modo como os acontecimentos se desenrolarem mostrarão quem deve dar a volta olímpica no final.

Empates, empates, empates… Resumo da terceira rodada do Candangão 2016

Marquinhos comemora o gol de empate do Paracatu diante do Sobradinho.

Nada menos que quatro dos seis jogos da terceira rodada terminaram empatados, sendo três deles com um gol para cada lado. Bom para Gama e Luziânia que puderam se isolar um pouco do restante da tabela e ruim para Cruzeiro e Formosa que perderam para os dois primeiros e caíram posições na tabela.

O Brasiliense, que era o líder na segunda rodada, empatou com o Atlético Taguatinga num jogo em que esteve à frente no placar duas vezes (Felipe Assis e Matheuzinho), mas duas vezes cedeu o empate logo depois (Adauto e Lucas Paiva). O jogo mostrou que o Jaguar ainda vai dar trabalho no campeonato, prova disso foi a pressão feita no primeiro tempo em cima do Jacaré, que pode ter problemas quando pegar adversários mais bem qualificados (como os ponteiros da tabela) ao longo do campeonato.

Outro que era favorito e está tendo dificuldades na tabela é o Brasília, que viu o Santa Maria abrir o placar com Maycon mas logo depois conseguiu o pênalti (convertido por Giba) que lhe permitiu empatar a partida. Foi o jogo de estreia do técnico Julinho Camargo, que ainda terá tempo de implementar seu trabalho com vistas a ajustar o time de modo que permita confirmar seu status de favoritismo. Por outro lado a Águia Grená vai dando mostras de recuperação após a goleada na estreia e pode beliscar aí uma das últimas vagas para a fase seguinte.

No dia anterior a estes dois jogos houve mais três que movimentaram o campeonato. No Augustinho Lima o Sobradinho recebeu o Paracatu, num jogo truncado no primeiro tempo, mas que foi mais aberto no segundo. Edicarlos abriu o placar de pênalti no início e Marquinhos empatou, também de pênalti, próximo ao final da partida. Tanto Sobradinho como Paracatu, como times ainda em formação, têm suas qualidades, mas ainda faltam entrosamento e um pouco mais de ousadia para almejar algo mais na competição.

Panorama parecido aconteceu no Abadião onde o Ceilândia dominou o jogo contra o Planaltina, mas não saiu com os três pontos. Filipe Cirne abriu o placar cobrando pênalti, mas acabou cedendo o empate no fim com o gol de Quarentinha. Aparentemente o Ceilândia tem bola para ir longe na competição, mas precisa aprimorar a finalização para evitar sustos e tropeços como o ocorrido no último sábado.

A primeira das duas vitórias ocorreu no sábado no Serra do Lago. O Luziânia abriu o placar com Aldo, viu o Formosa empatar com gol de Amaral e desempatou com Tatuí fazendo o tento que assegurou a vitória e a liderança momentânea, além de manter o 100% de aproveitamento. O Azulino não só dominou a partida como mostrou que tem peças de reposição que garantem a manutenção do bom futebol no segundo tempo, o que é essencial para matar a partida diante de adversários que mostram sinais de desgaste na etapa final.

Mas veio o dia seguinte e o Gama assegurou a vitória diante do Cruzeiro e se igualou em pontos com o Luziânia, mas assumiu a ponta por conta do saldo de gols (6 contra 3). O grande nome do jogo foi Rafael Grampola: o atacante fez os dois gols da partida e se isolou na artilharia do campeonato, caindo nas graças da torcida. A tarefa alviverde não foi das mais difíceis, pois o Carcará além de ter tido poucas oportunidades ainda teve um jogador expulso.

Passadas as três primeiras rodadas os times já tiveram a oportunidade de mostrar suas armas iniciais e goram se voltam para confrontos mais encarniçados. Já na quarta rodada tem o clássico entre Ceilândia e Brasiliense e o derby entre Gama e Brasília. Serão certamente os primeiros grandes desafios dos ponteiros da tabela e serão decisivos para definir quem terá vantagem no decorrer do campeonato.

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Ninguém vai ter vida fácil – resumo da 1ª rodada do Candangão 2016

Fábio Gama comemora o gol que completou a vitória gamense por 3 a 1.

Fábio Gama comemora o gol que completou a vitória gamense por 3 a 1.

Não pensem que porque tivemos times goleando teremos gente disparando na tabela – até mesmo porque terminar a primeira fase um ou dez pontos na liderança dá na mesma. O Candangão começou e pudemos ver que mesmo os times que perderam em algum determinado momento de suas partidas deram trabalho aos adversários.

A exceção é o Santa Maria, que tomou um gol logo aos três minutos de jogo e aí não conseguiu mais se encontrar em campo mesmo tendo tido a oportunidade de diminuir o prejuízo marcando dois gols. Quanto ao Brasiliense qualquer desconfiança quanto ao elenco de 2016 foi dissipada por completo com esse sonoro 5 a 2 na Águia Grená, provando que camisa tem peso sim, mesmo aqui no futebol do DF.

Pode-se dizer que o mesmo aconteceu com o Cruzeiro no dia anterior e no mesmo estádio (o Abadião), só que como o gol demorou um pouquinho mais pra sair (foi aos 18 minutos) ainda pode-se dizer que o Carcará teve aquele momento de estudos que tem em todo primeiro jogo da temporada, onde os times se estudam antes de partir pra cima um do outro. Só que o gol do Ceilândia fez com que o time do Cruzeiro começasse a bater cabeça e permitisse que o Gato Preto chegasse ao placar de 3 a 0 ao final.

Enquanto isso no Augustinho Lima tivemos como destaques não os goleadores, mas aqueles que trabalham para evitar que eles apareçam. Welder, do Leão da Serra e Márcio, do Tsunami do Cerrado foram os protagonistas da reabertura do estádio serrano para o público, que no fim graças ao (muito) trabalho de ambos ficaram sem ver as redes balançarem no confronto entre Sobradinho e Formosa.

No mesmo dia houve outro empate, mas com gols no Serra do Lago, casa que abrigou o confronto entre Brasília e Atlético Taguatinga que deveria ser no Mané Garrincha (falaremos sobre isso em outro post). Os presentes contemplaram tanto o belo gol de bicicleta de Anjinho pelo Colorado quanto o gol originado do contra-ataque e da perseverança do Rubo-negro (que vestia azul em homenagem ao TEC) que desfechou no gol de Gaúcho. Em comum os dois autores saíram do banco para decidir a partida, que segundo os próprios personagens do jogo foi considerado um tropeço do Time do Avião.

Times entraram em campo empunhando faixa de apoio ao combate ao Aedes Aegypti.

Times entraram em campo empunhando faixa de apoio ao combate ao Aedes Aegypti.

Fábio Gama

Fábio Gama

No dia seguinte foi a vez do Gama entrar em campo para receber o Planaltina-GO em sua primeira partida na primeira divisão local. Assim como no Serra do Lago o personagem decisivo da partida também saiu do banco: Fábio Gama e Dodô entraram no lugar de Adriano e Grampola, sendo que este último havia marcado um golaço chapelando o goleiro da Pantera e completando de cabeça após um primeiro tempo que assustou o torcedor alviverde (o visitante havia ido pro intervalo vencendo por 1 a 0, gol de Júlio César). Os dois substitutos mudaram a cara do time e ainda fizeram os dois gols da primeira vitória do Periquito na competição.

Completando nosso giro tivemos a vitória magra do Luziânia em cima do Paracatu com o gol de Aldo aos 8 minutos de jogo. Após isso o Azulino até pressionou, mas não conquistou mais tentos. Chamou a atenção o fato de que o Paracatu só estava com oito jogadores registrados no BID – diga-se de passagem DE NOVO!!! – e teve que recorrer a integrantes dos juniores para poder entrar em campo e não repetir o papelão promovido na primeira rodada do ano passado.

Para todos os torcedores ficou o saldo positivo de que a festa da bola rolando desta vez ocorreu sem percalços que manchassem a competição logo na primeira rodada como nos anos anteriores, e ainda teve a média de gols de 2,83 por partida pra alegrar a galera ainda mais. Com tudo isso e uma campanha equilibrada como esta que está se desenhando temos tudo para ter a melhor disputa do Candangão em anos! É aguardar (e torcer) para ver.

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O que será do (Estádio Nacional) Mané Garrincha?

estadio_nacionalConhece o Estádio Municipal Governador Hélio Prates da Silveira? Não?

Pois foi com este nome que, em 1974, foi inaugurado o estádio que hoje conhecemos como Estádio Mané Garrincha. O nome foi uma homenagem dada ao governador do Distrito Federal à época, o primeiro depois de a capital federal deixar de ser governada por uma prefeitura. Sua inauguração se deu com uma partida entre o CEUB e o Corinthians, vencida pelo time paulista por 2 a 1.

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Nos 35 anos em que foi utilizado foi a casa de CEUB, Brasília, Legião, ente outros clubes da capital. Também já recebeu grandes jogos de outros times locais que, apesar de terem estádios próprios, necessitaram do Mané Garrincha por conta de expectativas de grandes públicos.

Numa dessas ocasiões foi batido o recorde de público do estádio. No dia 20 de dezembro de 1998 51.200 pessoas presenciaram a vitória do Gama sobre o Londrina por 3 a 0, resultado que deu ao Periquito o título de Campeão Brasileiro da Série B.

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O estádio construído na década de 70 não existe mais: deu lugar a uma enorme arena de 50 metros de altura e 308 metros de diâmetro, que terá capacidade para 71.400 pessoas e por conta disso só será menor do que o Maracanã. Todos os lugares receberão cadeiras numeradas e haverá camarotes para os mais abastados – tudo para receber a Copa do Mundo de 2014 em grande estilo.

Mas… e depois da Copa? Quem jogará lá?

Não é difícil encontrar pessoas dizendo que o estádio virará um elefante branco oneroso para a cidade. O baixo público que os clubes da cidade têm levado para os estádios contribuem fortemente para este pensamento.

Quais são os planos pós-copa? Quem mandará seus jogos lá? Quanto custará para os clubes atuar em seu gramado?

De cabeça e sem considerar custos já podemos imaginar que seus mandantes naturais seriam Brasília e Legião, pois a história do futebol da cidade mostra que clubes só conseguem atrair torcida quando se identificam com a satélite e por lá permanece por muitos anos, pra não dizer sempre. Gama e Brasiliense são prova disso, pois mesmo eles nunca conseguiram atrair seus torcedores quando mandavam jogos por lá em competições comuns – ou seja, sem um adversário de apelo nacional.

O Distrito Federal passa a ter uma oportunidade única de uma virada significativa em seu futebol e o agora Estádio Nacional será a peça chave desse possível novo cenário. Esperamos que dirigentes e governantes tenham boas idéias e sejam equilibrados em suas ações de forma que os clubes consigam aproveitar a nova arena para dar a guinada definitiva   rumo à consolidação do futebol na capital federal.

Esqueçam Flamengo e Corinthians. Serão o Brasília, o Legião, o Brasiliense, o Gama, o Ceilândia, o Sobradinho e os demais que darão vida ao Novo Mané Garrincha. Acreditem e verão.