Marcado: Brasília
Baiano acerta rescisão com Gama e se apresenta ao Brasília

Baiano se apresentou nesta tarde ao Colorado, onde foi recebido pelo vice-presidente Luis Eduardo Belmonte.
Por Shizuo Alves, Ponto Marketing Esportivo
O volante de 37 anos, campeão do Candangão em 2015 pelo Alviverde, acertou a transferência para o rival Brasília Futebol Clube na manhã desta quarta-feira (20). Segundo informações apuradas pela Agência Ponto Marketing Esportivo, o contrato do jogador será até o final do ano e ele se apresentará hoje à tarde no CT do Brasília. Baiano já se despediu do Gama e da diretoria.
O atleta apresentou interesse em vestir a camisa do Colorado diretamente Clube, que pagará cerca de R$ 100 mil pela multa rescisória. A experiência de Baiano ajudará o plantel do Brasília na temporada de 2016, onde terá a Copa Verde, Copa do Brasil e Candangão no calendário. Os principais clubes onde Baiano atuou foram: Santos; Guarani; Atético-MG; Palmeiras; Boca Juniors; Rubin Kazan; Vasco e Náutico. Em Brasília jogou no Gama e Brasiliense.
Brasília perde e encerra participação na Copa São Paulo
Na noite do último domingo Flamengo e Brasília realizaram o último jogo da segunda fase da Copa São Paulo de Futebol Junior no estádio Nogueirão em Mogi das Cruzes. O time carioca venceu o Coloradinho por 3 a 0 e avançou à competição.
O time candango não teve vida fácil em nenhum momento, prova disso é que com quatro minutos de jogo já teve uma penalidade marcada contra si – por sorte desperdiçada por Lucas Paquetá. Porém o jogador rubro-negro se redimiu quando, aos 11 minutos, aproveitou cabeçada de Dener para finalizar a gol e abrir o marcador.
O segundo gol veio aos 30, em uma bobeira da zaga vermelha quando dois jogadores não conseguiram deter Felipe Vizeu, que cara a cara com o goleiro ampliou o placar.
O resultado foi definido no segundo tempo, mais exatamente aos 28 da etapa complementar. A zaga do Avião tentou tirar a bola da área em ataque adversário, mas, fraca, a mesma foi parar nos pés de Patrick, que de primeira mandou forte para o fundo das redes.
Com isto o Brasília se despede da Copinha com uma vitória, um empate e duas derrotas, três gols marcados e seis sofridos. O Flamengo por sua vez avança de fase volta a enfrentar o Red Bull Brasil, seu adversário de grupo, no mesmo estádio na próxima quinta às 21h.

Sobre a campanha colorada na Copa Sul-Americana
“Não tem futuro”, “Vai jogar só dois jogos”, “Vai ser goleado”, “Time sem série”, etc. Estes provavelmente fizeram parte de diversos comentários proferidos em referência a como seria a participação do Brasília na Copa Sul-Americana, primeira competição internacional a contar com um clube do Distrito Federal. Em resumo os críticos e céticos consideravam que o Colorado não seria páreo para ninguém, a ponto de jornalistas de outros estados se perguntarem “quem teria a sorte de pegar o Brasília”.
Por uma lado era compreensível tal análise, o Brasília disputa um campeonato que não tem nenhum representantes nas três principais divisões do Campeonato Brasileiro e garante a disputa da divisão inferior apenas para seu campeão – e nem isso o Brasília conseguiu pois foi vice por três anos consecutivos. Está sem divisão e não disputava uma partida profissional desde 2 de maio quando perdeu a final do Candangão para o Gama.
Mas quem acompanha futebol sabe que o Brasília não estava ali no gramado do estádio Bezerrão para enfrentar o Goiás por caridade da CBF ou da Conmebol. O time candango venceu a Copa Verde tendo que exterminar um fantasma por fase e levantou a taça após uma épica batalha contra o Paysandu. Ali mostrou sua faceta copeira para todo o Brasil.
Boa parte dos jogadores que disputaram a Sul-Americana estavam naquele 21 de abril de 2014. Querendo ou não o elenco mantinha uma base que, adicionadas umas peças aqui e uma ali, demonstrava uma constância incomum no futebol local, tão afeita a desmontes e remontes de elenco a cada temporada. Por conta disso o time do avião decolou e tem mantido, apesar de algumas turbulências, um voo em velocidade de cruzeiro.
O time começou essa saga diante do Goiás de uma forma um pouco amedrontada, meio que ainda tentando enfrentar o nervosismo pelo momento. Segurou bravamente o empate em um gramado que não colaborava para o bom desenvolvimento do futebol. Talvez as circunstâncias vencidas fizeram com que o Colorado fosse pra Goiânia e jogasse mais solto, mais em busca da vitória, o que fez com que ela viesse naturalmente construída em duas boas jogadas que surpreenderam o Goiás, que certamente estava ali achando que decidiria o jogo na hora que quisesse. Quando viu estava 2 a 0 para os visitantes e a reação se mostrou infrutífera.
Pronto, haviam sido dois jogos, mas já tinha sido o suficiente para todo o país reconhecer a qualidade do elenco vermelho. A passagem de fase fez com que muitos simpatizassem com o clube e torcessem para que o avião alçasse voos cada vez mais próximos da estratosfera. Havia quem já sonhava com confrontos diante do River Plate, atual campeão da Libertadores.
Aí veio o Atlético Paranaense, parada dura pelo fato de estar em uma fase atualmente melhor do que a do Esmeraldino. O jogo em Curitiba, apesar do predomínio do Furacão mostrou um Brasília que chegava bem no campo de ataque, mas que tinha dificuldades em efetuar boas finalizações. Em situações como a que se apresentavam acaba sendo o acaso a decidir o destino de uma partida: as divididas que tiraram Artur e Vitor Hugo e os mandaram para o hospital e, principalmente, o morrinho artilheiro que traiu Welder no gol rubro-negro acabaram sendo decisivos para a classificação dos paranaenses.
Chamou a atenção no jogo de volta no Mané Garrincha o esquema defensivo adotado pelo técnico Omar Feitosa. Segurou o ímpeto dos atacantes adversários, mas deixou o time lento e preso na marcação paranaense. Talvez com um pouco mais de ousadia, semelhante ao que ocorreu no Serra Dourada, o Brasília tivesse saído com uma vitória magra, mas o suficiente para empurrar a decisão para os pênaltis.
No torneio de tiro curto foram quatro jogos, uma vitória, dois empates e uma derrota. Dois gols marcados e um sofrido, ou seja, o Brasília ainda saiu com saldo positivo.
Mesmo tendo parado nas oitavas de final o Brasília saiu maior do que entrou, e conquistou ainda mais o torcedor do DF que se encontra ávida por futebol na arquibancada, longe da frieza da tela plana e do pay-per-view. Quanto ao time, com a grana que arrecadou na campanha, mantendo a base como de costume e selecionado boas peças de reposição seja na base seja investindo em promessas de outros clubes, se credencia como um dos favoritos a sair da fila e finalmente levantar seu nono Candangão. Se no papel isso se concretizará só o tempo irá dizer.
A dor de mais um insucesso do futebol do DF
A eliminação do Gama da Série D do Brasileirão com o empate sem gols contra o Botafogo-SP fechou o ano em que o Alviverde, excetuando a reconquista do título máximo do futebol do Distrito Federal, ficou marcado por desclassificações com requintes de crueldade. Na Copa São Paulo de Futebol Junior os meninos do Periquito fizeram excelente campanha, mas ficaram de fora da fase seguinte por conta dos cartões amarelos. Na Granada Cup, que só tinha dois jogos, os dois alviverdes do Centro-Oeste (o outro era o Goiás) terminaram com a mesma quantidade de pontos, mas o que decidiu o título a favor do Esmeraldino foi um cartão vermelho tomado por Dudu Gago no confronto entre as duas equipes.
Foi o mesmo roteiro no último domingo, onde ao fim do jogo o time candango e o paulista terminaram com a mesma pontuação, mas com a Pantera avançando na competição por ter três gols de saldo a mais do que o Periquito.
O fator que foi decisivo para a classificação de um e a eliminação de outro tem nome e sobrenome: Villa Nova Atlético Clube. O time mineiro terminou na última colocação geral da competição com apenas três pontos conquistados, oriundos de uma única vitória conquistada contra alguém que todos que estão lendo este texto sabem quem foi.
Enquanto isso o Botafogo quando recebeu o Villa em casa lhe aplicou um 5 a 1 sem dó nem piedade.
Insucessos na competição nacional que garante aos quatro primeiros um calendário completo para o ano seguinte viraram rotina para o futebol do Distrito Federal, que teve com último acesso de um clube local a dupla promoção de Brasiliense e Gama no já longínquo 2004 quando o primeiro subiu à Série A como campeão da B e o segundo subiu à B como vice da C. De lá pra cá ambos vieram ladeira abaixo e acabaram sem divisão.
Não preciso nem mencionar todos os outros times que tentaram seguir o mesmo caminho da dupla Verde-Amarela que não passaram sequer da primeira fase da divisão inferior do Futebol Brasileiro, virou meio que um tabu a conquista de um lugar ao sol no cenário nacional diante de tantos insucessos.
O exemplo do Gama evidenciou mais uma vez: não há margem para erros na Série D. Nenhum. Diferente do Candangão que você tem de dez a onze jogos para ganhar uma entre oito vagas, na Série D são só duas vagas, disputadas entre campeões estaduais de todo o país que se encontram em nível mais ou menos parelho, por isso os detalhes são tão mais importantes.
Percebam, não estou criticando a campanha do Gama, pois o time achou um bom jogador de frente (Jonatan Reis) que será de grande valia no ano que vem na busca pelo bi distrital. O time tinha lá suas falhas mas estava longe de ser ruim, tanto que se tivesse vencido o Villa jogaria contra o CRAC podendo alcançar a liderança para folgar descansado quanto às chances de classificação.
Não pode haver desmanche da base e jogar fora todo o planejamento construído no primeiro semestre que culminou com o título local. obviamente algumas peças, principalmente as contratações que não acrescentaram ao elenco como Luan e Carlos André. Alekito não agradou a torcida, mas por conta de seu histórico pode ser dada uma chance para que, entrosado com os demais, possa reencontrar seu bom futebol. No fim fica o registro de que os que chegaram não conseguiram suprir a ausência daqueles que saíram, principalmente Lenílson e Tiago Gaúcho.
Não sabemos ainda quem ganhará o Candangão ano que vem, mas seja lá quem for tem que investir na competição como se fosse a mais importante de sua vida, e cada jogador deve agir como dizia Neném Prancha: como se a bola fosse um prato de comida.
Ao Gama resta a oportunidade fazer boa campanha na Copa Verde de 2016 e buscar trilhar o caminho que o Brasília está seguindo nesse momento em que disputa a Sul-Americana e tem todos os holofotes apontados para si.
Mas não custa lembrar, inclusive a esse mesmo Brasília: Se a Série D é de tiro curto, a Copa Verde por ser mata-mata é de tiro curtíssimo.
Fica como maior herança de 2015 a saga da torcida alviverde para primeiro empurrar o time em busca do fim do jejum e depois para seguir o time em Xerém, Nova Lima, Catalão e Ribeirão Preto. Essa garra não pode esmorecer com o insucesso gamense e tem que permanecer no ano que vem, para que se consolide a idéia na cidade de que o DF tem sim futebol, independente do que se conquista ou não.
P.S.: O editor deste blog esteve muito ocupado no trabalho e pede desculpas aos leitores pelo atraso no texto.
A polêmica sobre a mudança de identidade do Brasília
Fevereiro de 2013. Em uma viagem a Caldas Novas descobri uma loja em um Shopping da cidade que vende vários produtos para torcedores de futebol, com escudos de vários (mas são VÁRIOS mesmo) times do Brasil afora. Dos times do DF haviam canecas, copos, relógios e enfeites de Gama, Ceilândia e Sobradinho entre outros. Minha esposa que é torcedora do Brasília perguntou se havia produtos do Colorado, o que foi negado pelo dono da loja que alegou que o clube “mudava demais de escudo” o que faria com que os produtos se perdessem.
Naquela época o time do Avião havia acabado de voltar da segunda divisão e havia passado pela oitava mudança de escudo desde que foi fundado em 1975. Cercado de incertezas sobre como seria seu futuro na elite distrital acabou por ser vice-campeão candango naquela edição e nas duas seguintes. Além disso ganhou duas vezes o torneio de juniores, fez uma boa campanha na Copa São Paulo e, o ápice, conquistou a primeira edição da Copa Verde, se credenciando para ser o primeiro clube do DF a disputar uma competição internacional oficial – a Copa Sul-Americana.
Todas estas conquistas vieram com os jogadores utilizando este escudo, que acabou, mesmo num curto espaço de tempo, se tornando conhecido nacionalmente – principalmente por conta da façanha de conquistar a Copa Verde quando todos esperavam que a dupla Re-Pa (Remo e Paysandu) ganharia facilmente qualquer edição. E a expectativa de que o Brasília voltasse a dominar não só o cenário local, mas começasse a crescer e voltasse a disputar torneios nacionais com frequência como em seus tempos áureos fez com que muitos apaixonados por futebol começassem a se organizar para acompanhar e torcer pelo Colorado, com isso assimilando para si todos os signos que o representavam.
O grande marco no qual todos miravam era a partida da Sul-Americana, mesmo sem saber sequer quem enfrentariam, no qual todos iriam se mostrar para toda a América do Sul. Mas aí…
Na última sexta-feira, faltando quatro dias para o grande momento, a diretoria que assumiu o clube após o último Candangão anunciou mudanças no escudo, nas cores, no uniforme e até no mascote. A cor azul seria adicionada, fazendo o clube deixar de ser o “Colorado” e o transformando em “Tricolor” ou “Rubro-anil” a depender da interpretação de cada um. O mascote deixaria de ser o avião e passaria a ser a Águia, animal escolhido após uma análise interna considerar que o mesmo cativaria o público infantil e que simbolizaria uma nova fase na trajetória do clube após seu quadragésimo aniversário. O uniforme titular ganharia uma faixa azul na altura do peito e o reserva teria o calção da mesma cor.

Novo escudo anunciado pela diretoria do Brasília.
Assim que as imagens da nova identidade do Brasília foram divulgadas deu-se início a uma enxurrada de críticas à mudança por parte de seus torcedores (e de zoações dos rivais gamenses), algumas com xingamentos direcionados principalmente a Luiz Felipe Belmonte, acionista majoritário do clube, que acabou sendo apontado pelos torcedores como o principal responsável pela transformação pela qual o time passou.
Algumas críticas feitas foram respondidas pelo mandatário de uma forma um tanto deselegante, lembrando muito o estilo de cartolas como Eurico Miranda ou, para se ter um exemplo mais próximo, de Luiz Estêvão – que curiosamente já foi cliente do advogado Belmonte.
Respostas como essa passam a mensagem de que o clube ganhou um tom personalista e que os torcedores, que só teriam a oferecer a paixão pelo futebol e os trocados para comprar camisetas e outros produtos do clube, teriam que aceitar acriticamente tudo que a diretoria fizesse. Todos nós sabemos que as coisas não funcionam assim: se até no comércio o prestador de serviço tem que saber se moldar aos desejos de sua clientela imagine no futebol em que há muito mais fatores intangíveis envolvidos do que questões materiais e exatas. É importantíssimo que o torcedor se sinta parte integrante da agremiação para que se crie vínculos.
Peguemos como exemplo as cores do time. Aqueles que se simpatizaram com o Brasília a ponto de se prepararem para o jogo da Sul-Americana com tanta antecedência (preparando faixas, bandeiras, camisas, instrumentos, etc.) criaram vínculos com todos os símbolos que representam o clube atualmente (o escudo, as cores, a história, o mascote, etc.), mas mudanças radicais além de afastar os torcedores que se tem criaria resistência em possíveis novos torcedores que iriam temer torcer para um time tão volúvel.
Voltemos agora à questão do escudo que contamos no início do texto. O choque de uma mudança obviamente seria maior se se tratasse de um símbolo tradicional e/ou centenário, mas no caso do Brasília o problema é exatamente o oposto: é o NONO escudo adotado por uma agremiação que tem apenas 40 anos, sendo que é a QUINTA alteração em um intervalo de seis anos – é justamente o problema apontado pelo vendedor de Caldas Novas. Para a manutenção do atual escudo, considerado por muitos o mais bonito de sua trajetória, pesam a favor que foi utilizando ele que o clube teve sua arrancada que culminou no título da Copa Verde, ocasião que muita gente compareceu ao Mané Garrincha e se simpatizou com aquele clube de vermelho, que a partir dali ganhou grande visibilidade no Brasil e no mundo.
Com relação ao mascote, o que acabou despercebido a quem fez a análise citada pela nota oficial foi a falta de originalidade, pois considerando apenas o futebol do DF já há dois clubes que adotam a águia – Santa Maria e Paracatu, ambos na elite – além de dois clubes inativos que também a tinham como símbolo – ARUC e Taguatinga, sendo que o segundo rivalizou por muitos anos com o Colorado até se licenciar em 1999.

Ceilandense em ação no Candangão 2015.
Quanto ao uniforme e a adição do azul a polêmica talvez tenha sido a maior. Fontes ligadas ao clube informaram que a intenção era alterar as cores do clube gradativamente para minimizar o choque de uma mudança tão drástica, que inclusive teriam motivações políticas. A principal crítica aos uniformes apresentados foi a de que estes teriam ficados, somados ao escudo, “americanos” demais, pois os mesmos teriam feito o clube parecer um time que disputaria a MLS (a liga estadunidense de futebol). Fato é que os mesmos ficaram semelhantes aos utilizados pelo Ceilandense no último Candangão, no qual o time da Guariroba acabou sendo rebaixado.
Independente de qualquer possível motivação foi anunciado que o azul teria sido escolhido para simbolizar o céu de Brasília. Somado a isso o presidente Luiz Felipe Belmonte, baseado no argumento dos torcedores que a águia não teria nada a ver com Brasília, diferente do avião, mencionou em comentário no Facebook que o vermelho também não teria nada a ver (mais uma pista da tendência de se retirar a cor encarnada do uniforme). Ora, o vermelho é a cor da terra onde foi construída a cidade, coisa que é muito citada pelos visitantes, principalmente os que vêm de cidades litorâneas, como uma característica marcante da capital do país.
E convenhamos, um time azul e branco com uma águia no escudo? Aí sim viraria definitivamente o Taguatinga.

Taguatinga Esporte Clube: mesmo licenciado ainda é o quarto maior vencedor do Candangão (81, 89, 91, 92 e 93).
Mudanças radicais encontram paralelo na história do Brasilia – há quinze anos o vermelho e branco deu lugar ao azul e amarelo quando a agremiação tentou virar clube empresa, mas em vez de simbolizar vitórias a mudança simbolizou a derrocada do clube e uma década de ostracismo no cenário do futebol. Talvez este episódio também tenha sido lembrado pelos dirigentes na hora de cogitar as trocas dos símbolos atuais e com isso o vermelho permaneceu – por ora.
Após dois dias de seguidas críticas a diretoria acabou por recuar na mudança, primeiro recolocando o escudo colorado em sua página no Facebook e depois soltando uma nota oficial anunciando a decisão, na qual também informou que o vermelho e branco estaria de volta nos uniformes utilizados pelos jogadores na terça. A atitude foi um ponto positivo que mostrou que os gestores do clube sabem reconhecer seus erros a ponto de voltar atrás em vez de insistir no erro para não dar o braço a torcer, e que admitem considerar a opinião dos torcedores não só do clube mas também dos apaixonados pelo futebol que se solidarizaram com a causa da torcida colorada.
Agora é hora de aqueles que lutaram contra as mudanças nas redes sociais mostrarem sua força também nas arquibancadas na hora deste momento histórico. Porém, em caso de baixa adesão a mudança do local do jogo para o estádio Bezerrão acabará depondo a favor de quem nao compareceu por conta da dificuldade de deslocamento para muitos que acabaram desempolgando de não poderem ir para o Mané Garrincha. Fica o trauma por conta dos acontecimentos e a nova tarefa por parte do Brasília de recuperar a imagem arranhada que acabou ficando após tanto alvoroço.

Uma das inúmeras imagens de protesto publicadas por torcedores do Brasília.
Brasília: Campeão de juniores de 2015
E as categorias de base do Brasília chegaram novamente ao título candango de juniores. No mesmo palco da última conquista (em cima do Capital em 2013) o Colorado bateu o Sobradinho por 1 a 0, gol do artilheiro Pedrinho, e deu a volta olímpica no gramado do estádio Abadião.
Em campo prevaleceu a cautela em ambas as equipes, que pouco se arriscavam a se abrir em busca do ataque. Tamanha precaução se refletiu no placar, que só foi mexido quando Pedrinho recebeu a bola dentro da área, sem chances de defesa para Johnny, goleiro do Leão da Serra. O autor do gol se igualou a Clovis (CFZ Saúde) e David (Brazlândia) e terminou o torneio na ponta da artilharia.
A taça coroou uma das melhores campanhas do campeonato, com 10 vitórias, 1 empate e duas derrotas. Mostra também a força das categorias de base do Time do Avião nos últimos anos, reflexo disso é a conquista da Copa Agap na categoria juvenil (sub-17) também neste ano por parte do time.
Outras equipes que se destacaram neste torneio foram o vice-campeão Sobradinho (que junto com o Brasília representarão o DF na Copa São Paulo de Futebol Junior), bem como as equipes do Brazlândia, do Guará e do Bolamense.
A nota a se lamentar foi o modo como a boa equipe do Gama foi desclassificada do certame. A equipe alviverde era uma das favoritas para levar o título por conta da campanha que vinha desempenhando, porém a confusão ocorrida em seu CT no jogo contra o Guará que teve como ápice a agressão ao quarto árbitro por parte de um torcedor, fez com que o periquito fosse penalizado pelo TJD-DF e ficasse de fora das semifinais.
Findo o campeonato, cresce a expectativa para que os clubes reconheçam a importância da formação de novos atletas para a formação de suas equipes e que os craques que se destacaram possam enriquecer com qualidade os torneios profissionais. E que o Colorado e o Leão façam bonito nos gramados paulistas em 2016.
O 11º título para o 12º jogador – Gama Campeão Candango de 2015
Esta crônica poderia começar mencionando os três gols que deram uma grande vantagem ao Gama no confronto contra o Brasília no primeiro jogo das finais do Candangão 2015. Poderia falar também da expulsão do zagueiro Dudu que quase pôs tudo a perder para o seu time e que incendiou os jogadores colorados na segunda partida. Ou poderia falar do golaço de Rafael Grampola que sacramentou a conquista alviverde, que pôde voltar a dar a volta olímpica após doze anos de jejum – É o décimo primeiro titulo do clube, maior campeão do futebol do Distrito Federal.
Dentro das quatro linhas os dois times faziam uma partida relativamente equilibrada até meados da segunda etapa do primeiro jogo, quando a defesa do Brasília desmoronou na bola alta que Grampola escorou para dentro das redes abrindo o marcador. Após isso os outros dois gols vieram naturalmente como um boxeador que massacra um adversário atordoado.
No segundo jogo a expulsão de Dudu, que substituía Pedrão na zaga gamense, logo aos três minutos de jogo foi a fagulha de esperança que o Time do Avião precisava para acreditar que a virada era possível, e assim começou o bombardeio vermelho que fez com que o segundo jogo se desenrolasse só de um lado do campo. Quem acabou se destacando foi o sistema defensivo alviverde que conseguiu se recompor e controlar o ímpeto do adversário, contando também com a má pontaria dos atacantes.
A cereja do bolo veio nos acréscimos quando o goleiro Pereira mandou a bola pra Grampola, que pegou em cheio com o pé esquerdo e encobriu Artur, ali tinha início a festa do título do Periquito, que voou mais alto que o Avião no Mané Garrincha.
Todos estes acontecimentos foram inquestionavelmente importantes, mas o principal personagem desta final estava do lado de fora das quatro linhas. A festa realizada pela torcida dos dois times nestes dois sábados foi algo espetacular, e obviamente a torcida do campeão, que se encontrava em maior número, teve destaque maior, e por motivos que iremos elencar neste texto.
Infelizmente a grande marca da competição deste ano foi a quantidade de jogos com portões fechados, pois três dos sete estádios utilizados na competição (sem contar o Mané Grrincha que só foi utilizado na final) não foram liberados pelas autoridades para receber torcida, e dos quatro restantes dois deles (Diogão e Serra do Lago) só começaram a receber partidas próximo do fim da primeira fase.
O único estádio do DF que recebeu torcida do início ao fim foi o Bezerrão. E o Gama soube como ninguém como usar este fator a seu favor. Com uma campanha de marketing que conclamava a torcida a chegar junto com o time realizada desde o fim do ano passado a mesma atendeu o chamado e foi aos poucos aumentando de número nas arquibancadas, contrastando com o cimento vazio dos demais jogos. A presença no estádio nos primeiros jogos só não foi maior porque nestes doze anos de jejum a torcida foi ficando cada vez mais cética com relação as promessas de boas campanhas de seu time, e o medo de se decepcionar ao final novamente ainda prevalecia.
Foi a partir do início da fase eliminatória que a torcida se tornou em definitivo o décimo segundo jogador. Com mobilizações nas redes sociais a galera promoveu excursão pra Formosa, recepção para os jogadores, escudos para erguer nas arquibancadas, entre outras coisas que ajudaram a inflamar as arquibancadas. A torcida acreditava cada vez mais que este ano a taça não escapava.
Quando o Mané finalmente se abriu para o futebol do DF chegou a hora de provar para aqueles que não acreditam no futebol do DF que a torcida alviverde, junto com a colorada, era capaz sim de encher a arquibancada do colosso da Copa. Dito e feito, mesmo com a arquibancada superior fechada, na parte de baixo os gritos de “Pra cima Gamão!” do lado verde e de “Eu acredito!” do lado vermelho ecoaram no gigante e,como tudo aquilo sendo televisionado para toda a cidade, com certeza deixou muita gente com vontade de ir pro estádio no ano que vem.
Na verdade não vai ser necessário esperar tanto tempo. Com o título candango o Gama vai disputar o Campeonato Brasileiro da Série D no segundo semestre e este será o momento da torcida manter a mesma pegada que manteve até agora para que este elenco, que mostrou qualidade e poder de superação durante todo o torneio, leve o representante do DF para o título e para a Série C que garantirá ao alviverde calendário para todo o ano de 2016.
E para os demais times, em especial o Brasília que fez uma bela campanha e mesmo não tenho levantado a taça mostrou que se mantém numa constante, fica a lição e o roteiro de como chegar lá. Que a décima primeira taça seja o estopim para que os demais times valorizem e comecem logo a cativar o décimo segundo jogador, consolidando de vez o Novo Futebol Candango.