Fazendo um comparativo entre futebol e química podemos fazer uma metáfora de que uma competição se desenrola (apesar da agitação da partida) como em um processo de decantação. Analisar os times é como pegar um copo com várias substâncias de densidades diferentes e dar uma chacoalhada, e após colocar em repouso observar todas as substâncias irem se separando em fases distintas, uma sobre a outra.
Com o passar das rodadas o Candangão vai vendo com mais clareza quem tem os melhores conjuntos, as melhores peças, a melhor organização tática e, via de regra, isso se reflete na posição da tabela.
Tivemos no final de semana os primeiros empates do campeonato, incluindo o 0 a 0 entre dois times com crise de identidade, porém enquanto o Unaí alviverde tenta virar o Paracatu tricolor (e pode se complicar nos tribunais por causa disso) gerando uma confusão involunária o Ceilandense não se decide se é rubro-negro como no “uniforme 1” ou tricolor como no “uniforme 2” e no escudo.
O outro empate apimentou a rivalidade cada vez mais crescente entre Brasiliense x Brasília. Apesar de o Colorado ter tido mais posse de bola e oportunidades e por conta disso ter aberto o marcador primeiro, um pênalti polêmico marcado a favor do Jacaré (e convertido por Baiano) deixou todos no Time do Avião irados. Se os dois repetirem a final do ano passado ou se cruzarem no mata-mata preparem-se para muita faísca solta.
Entre as fases que vão aparecendo na mistura uma de cor grená chama a atenção porque ninguém esperava vê-la tão no alto. O Santa Maria sofreu mas conseguiu perto do fim arrancar uma vitória em cima de um esforçado Legião. A conferir como o elenco de Sérgio Passarinho vai se comportar diante de adversários mais bem qualificados.
E no elevador entre as substâncias mais e menos densas dois grandes clubes que passavam por maus bocados tomaram rumos distintos – pelo menos nesta rodada. Enquanto a torcida alviverde pôde voltar a fazer a festa com o Gama batendo o Sobradinho em casa o Ceilândia segue a sua Via Crucis depois de nova derrota, desta vez para o descalço e quebrado Formosa (percebam o tamanho do drama alvinegro). Enquanto no Bezerrão a diretoria corre atrás de peças que reforcem esse time mal-nascido aguardamos quando o Gato Preto irá tomar alguma atitude para salvar o ano, ou evitar um desastre maior.
E aí vocês irão me perguntar quem está por cima de todas essas camadas da tabela de classificação. Brasiliense? Gama? Sobradinho? Brasília?
Nenhum desses. Como recompensa do bom trabalho de manutenção da base do ano anterior acrescido de reforços conhecidos do cenário local e outras figurinhas carimbadas como Lúcio Bala, o Luziânia agora é o único clube 100% da competição. Bateu Gama, Ceilandense e por último Capital. Aguardemos como o Igrejão irá se comportar diante daqueles que eram (alguns ainda são) apontados inicialmente como favoritos a levantar o caneco.
Obviamente a metáfora feita aqui não é exata, visto que um time da rabeira pode de repente pisar fundo no acelerador e disparar tabela acima, ou uma má fase se abater sobre um dos ponteiros e o mesmo despencar rumo à forca, mas como eventos como este são pontos fora da curva será interessante ver o copo da classificação se sedimentando e desenhando o tão aguardado chaveamento. Aí vai ser a hora em que muitos chorarão e apenas um sorrirá.
Adorei o post, parabéns!!