Impressionante.
Passei as últimas horas tentando achar definições e encontrar explicações para o que aconteceu no Serejão, no último domingo. Revi os lances dos melhores momentos, li reportagens que analisavam a partida… Não consegui chegar a resposta nenhuma. Na verdade são tantas respostas possíveis, tantas especulações, que é difícil se ater apenas aos fatos e fazer um texto enxuto. Precisaria de muitas folhas.
Aos fatos: O Brasiliense perdeu para um time que se encontrava na zona de rebaixamento, e que para lá o empurrou. Os resultados dos outros jogos todos conspiraram contra o time amarelo. Isto aconteceu na última rodada, E SOMENTE NELA. Durante toda a competição, o Jacaré ficou ali na zona intermediária flertando com o G4, beliscando algumas vezes e, em outras, chegando a figurar na liderança, mesmo que momentânea. Perdeu dois jogos seguidos (Santa Cruz e Cuiabá) e desabou da ponta para uma virtual lanterna, se considerarmos Baraúnas e Rio Branco como “cafés-com-leite”.
O rebaixamento contou com requintes de crueldade. O time candango abriu o marcador quando apenas um jogo não estava mais com o placar em branco (Fortaleza x Sampaio Corrêa), e por conta disso, foram parar na terceira colocação na tabela e se credenciando a ir ao mata-mata contra o Vila Nova. A partir daí, foi caindo: com a vitória do Luverdense, com o empate e a posterior virada na própria partida, com vitória do Treze sepultando as chances de classificação e a pá de cal que foi a virada do CRB em cima do Baraúnas.
Se formos falar taticamente do jogo, o fato mais importante foi a falta que Luan e Bocão fizeram na cobertura da área, sendo que o segundo esteve apenas em corpo presente. Duvida? Veja como o lateral do Jacaré investe afoito em Fernando no lance do primeiro gol e acaba ficando na saudade? Além disso, em uma decisão, ninguém perde um caminhão de gols (inclusive com bolas passando rente à meta) e sai impune.
Para o futebol do Distrito Federal como um todo, o resultado foi um desastre. Será a primeira vez desde a criação da Série D em 2009 que a capital federal não terá nenhum representante nas três divisões principais – as que cuja vaga não são oriundas do estadual. Se formos considerar o pré-2009, é a primeira vez em 19 anos que só teremos representantes na última divisão. Em 1995, o Gama conquistou o acesso para a Série B e só voltou para o fundo do buraco em 2011, permanecendo o Brasiliense na Série C.
Além da queda, ainda vem o coice. O Distrito Federal perderá uma posição no Ranking da CBF para o Mato Grosso (justamente o estado do carrasco do Jacaré) e, consequentemente, uma vaga na Copa do Brasil para o estado de Cuiabá, Luverdense e Mixto, todos com boas campanhas em campeonatos nacionais no ano.
Agora que todas as equipes que disputam a elite local encontram-se niveladas nacionalmente, fica a lição para que os clubes acabem com as rusgas geradas por episódios do passado e trabalhem em conjunto para o fortalecimento mútuo, deixando o confronto para dentro das quatro linhas. Que todos os times se ajudem sem ficar esperando que a federação e o governo façam isso por eles, e que se aproveite todas as oportunidades que o novo Mané Garrincha e a Copa em casa irá nos trazer.
Foi o Brasiliense quem caiu no campo do Serejão. Mas todos nós, torcedores e clubes, sentimos um pouco da dor da queda.